Por Amilton Santos
Numa cidade no sertão da chamada Cajazeiras nascia, em março de 1950, um homem chamado João Bosco da Silva. Quando criança já se interessava pelas artes, gostava de pinturas e participava de concursos patrocinados pela simples e pequena cidade de Cajazeiras, que fica no Estado da Paraíba. Sempre quando surgia oportunidades lá estava cantando e tocando com bandas local que, o incentivava a continuar a trilhar o caminho da musica e da arte. Seu nome artístico – que faz questão de ser chamado – é Bosco Maciel.
Aos vinte anos de idade saiu do nordeste rumo a cidade grande, sua vinda a capital paulista na época era a realidade da maioria dos nordestinos que deixavam o Nordeste castigados pela seca e falta de oportunidades no sertão.
Ele acreditava que construiria sua vida profissional em São Paulo e que em poucos anos de trabalho, consegueria juntar algum dinheiro estaria estabilizado, podendo então, retornar para sua terra natal. Mas o destino lhe atribuia outra história contrariando seus pensamentos e objetivos. O retorno não aconteceu devido as dificuldades que enfrentou quando teve seus primeiros anos de vivência na “terra das oportunidades”.
Em más condiçoes, morando na rua sem trabalho e consequentemente sem dinheiro Bosco Maciel viu seu sonho ficando cada vez mais distante, pois já não conseguia voltar para o Nordeste e não aceitava retornar a sua cidade sem alcançar o sucesso profissional que tanto buscava longe de casa.
Em 1974, por conta de sua situação financeira se mudou do centro da cidade de São Paulo e foi morar em Guarulhos, lugar em que reside até hoje e realiza o seu trabalho em favor da cultura do nordeste.
Como exemplo de superação em meio a tantas adversidades, terminou o Ensino Médio e pôde também, em 1977, concluir a Graduação de seu curso univesitário formando-se em Administração de Empresas. Hoje Bosco atua como produtor cultural que é o que mais gosta de fazer, segundo o mesmo, isto nada mais é do que divulgar sua cultura interiorana pelas cidades do Brasil a fora focando principalmente na literatura do cordel, seu maior orgulho.
Falando nisso, Bosco Maciel, aos 60 anos, criou o Instituto Cultural Casa dos Cordéis, um espaço que está aberto ao público diariamente e promove a cultura nordestina, com o objetivo de não deixar morrer a cultura e tradição do nordeste. A idéia de criar o instituto surgiu quando Bosco resolveu reunir e utilizar bonecos, folhetos, dentre outros objetos que estavam guardados em uma garagem alugada.
Desde então o projeto deu certo e tem levado gratuitamente a cultura popular oferecendo a comunidade de Guarulhos vários eventos como shows de música nordestina, almoço com comidas típicas do nordeste e peças teatrais contando as histórias de personagens que marcaram história no passado. Ao longo destes anos em São Paulo, Bosco tem se dedicado a palestras, ensinando em seus seminários a cultura nordestina tão pouco divulgada pelos meios de comunicação de massa.
Com a ajuda de poucos patrocinadores e alguns amigos, o artista escreveu um livro cujo nome romanceiros já se tornou referência para se obter informações da literatura do cordel. Este livro para ser lançado contou com o apoio do Projeto Funcultura, um programa de estímulo aos artistas da cidade. O livro conta a saga de um povo de um modo bem particular valorizando a cultura e as raízes nordestinas em uma linguagem simples. A história de Bosco Maciel é contada nesta edição pela revista RegiãoCult em foco para homenagear o homem do nordeste, sua força, sua crença e luta na cidade de São Paulo. Mostrando de uma forma bem particular, a realidade da migração, suas surpresas e histórias freqüentes.
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