Por Luciana Maryllac
Bairro da extrema zona oeste de São Paulo se orgulha de seu primeiro morador: um nordestino pré-destinado com objetivo de vencer e fazer valer todos os seus direitos

Dono de muita garra e força de vontade, Seu Antonio, como muitos nordestinos, fugiu da seca e miséria do nordeste. Instalou-se em São Paulo, mas não ficou de mãos atadas. E é com um largo sorriso no rosto que essa figura tão paterna abre o portão de sua residência a qualquer jornalista que chega, “Tenho prazer em divulgar as conquistas do bairro, as pessoas precisam saber”.

Por intermédio do cunhado, Antonio e sua esposa compraram, em 1962, o terreno que moram até hoje. Na época não tinham energia elétrica, saneamento básico, nem transporte: “Vivíamos com um lampião a querosene”.
Junto com o Coronel José Gladiador, Seu Antonio tomou a iniciativa de fundar uma sociedade de amigos do bairro. Com muita dificuldade montaram uma chapa e organizaram uma eleição. Em 1975, nascia a Sociedade Amigos Mosuvija, que significa as iniciais de Morro Doce, Vila Sulina e Vila Jaraguá.
“Eu não sabia muito bem o que fazer, mas era preciso se mobilizar para o bairro crescer. Então comecei a freqüentar as reuniões, conhecer os vereadores, deputados e administradores dos bairros, pois na época ainda não existia as sub-prefeituras”.
Em contato com Jânio Quadros, prefeito de São Paulo na época, Seu Antonio lhe ofereceu um almoço para discutir as melhorias a serem feitas no bairro. Sem hesitar, Jânio assinou os documentos feitos pela Mosuvija e despachou: estava autorizado a pavimentação do bairro. Outro prefeito que se interessou pela região foi Paulo Maluf, também colaborou com a construção das escolas municipais e instalações elétricas.
A luta pela construção de um bairro estava apenas começando. Não tinha um mercado, nem farmácia, absolutamente nada. O transporte coletivo não subia as ladeiras e os moradores eram obrigados a caminharem até a Rodovia Anhanguera para encontrar um ponto de ônibus.
A busca por instalação do saneamento básico durou 5 longos anos. Em 1986 foi construído 5 poços artesianos, Seu Antonio complementa “Fui atrás do assessor da Sabesp até mandarem uma empreiteira para construção do encanamento do bairro. Já tinha uma autorização assinada pelo prefeito, então tinha que fazer cumprir! Nós vivíamos com fossas a base de balde e cordinha, não dava para continuar desse jeito”.
Com muita dedicação e força de vontade, Antonio conseguiu fazer valer seu direito de uma vida mais saudável. Sua história foi feita com garra, nada o fazia desistir. Hoje a região de Perus ainda está em busca de novas ações, mas é importante lembrar o quanto já foi feito. Apelidado como “prefeito” de Morro Doce, Seu Antonio encerra desabafando, “A juventude precisa assumir responsabilidades políticas e arregaçar as mangas para construir um futuro melhor”.
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