sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um mundo de histórias nos barbantes

Por Cláudia Alves

Exposta em cordas, a literatura representativa do nordeste chegou ao Brasil junto com a colonização portu

O cordel é um tipo de poesia popular, tipicamente oral. Marcada pela tradição contada e depois impressa em folhetos rústicos - ou outra qualidade de papel, eram expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis - o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes.
No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. 
Oficialmente, o cordel surgiu no Brasil em mil oitocentos e oitenta e nove, com o paraibano Leandro Gomes de Barros, conhecido popularmente como Mestre Pombal. Essa primeira publicação foi intitulada: “A Peleja do Riachão com o Diabo”.
Neste ano, o cordel completa cento e onze anos da sua primeira impressão no Brasil. Esses folhetos de aspecto simples eram a forma de informação mais vigente no sertão nordestino do final do século XIX, até meados do século XX. Acompanhou o surgimento e a evolução dos meios de comunicação e, até hoje atuam com grande força na sociedade.
O conteúdo do cordel varia nas mãos habilidosas dos poetas, desde fatos jornalísticos a histórias fantásticas. Sua linguagem típica o caracteriza.
Embora caracterizado pela forte presença da oralidade em seu texto e forma, o cordel é necessariamente impresso, distinguindo-se de outras formas de poesia oral, como pelejas e desafios cantados pelos contadores repentistas. Apresentado no formato de folheto de 16.5x12cm, variando entre 24, 32 ou 64 páginas
Ao longo dos anos esssa literatura foi se modificando ganhando novos formas que varia de livros até folhetos virtuais na internet; é o que nos conta Gustavo Dourado cordelista e Membro da Academia Virtual Brasileira de Letras: “Ele é usado mais em forma de folheto, pelo menos é a forma mais tradicional usada no nordeste até os anos 70.  A partir  dai ele ganhou outras formas em F7, então  hoje  ele é muito usado em livros. Mas em São Paulo e no interior do Nordeste como na  Paraiba, principalmente Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceara  e Rio Grande do Norte ele é usado na forma tradicional.  Agora com a internet temos os folhetos virtuais. Ele também está integrado ao livro nas formas modernas de editoração eletrônica, ou seja, pelo livro virtual o ‘E-Book’. Mas é importante manter o cordel em folheto pois é uma caracteristica econômica e também de viabilidade de divulgação nas rodoviárias, estações de trens, ruas e praças. O movimento forte é na internet que é mais econômica  e barata para se divulgar nas formas de e-mail ou pelas redes sociais’’.
Ainda segundo Gustavo Dourado o cordel é fundamental na cultura brasileira por que é uma das nossas vertentes culturais mais populares, está bem enraizada desde o periodo da colonização do Brasil pelos portugueses que trouxeram a  literatura de cordel para cá.  Tendo sua desseminação a partir do seculo XVIII e entrou através do porto maritimo de Salvador na Bahia e se espalhou com os bandeirantes  e com os desvabradores . Atingiu o sertão por meio do Rio São Francisco que foi fundamental nesse processo. Coicidindo com o ciclo do gado, os bandeirantes e os garimpeiros.
A literatura de cordel, com freqüência, é tratada como de menor importância no contexto cultural.  O cordel foi o meio de comunicação mais presente nas populações iletradas. É o que nos conta Bosco Maciel, folclorista e cordelista: ”No início do século passado era através da literatura de cordel que a comunicação de massa existia. Como não existia o rádio nem a televisão, as informações, os conhecimentos, a diversão tudo era feito pela literatura de cordel."
De acordo com Maciel, a literatura de cordel não corre o risco de  acabar por causa da oralidade, porque a cultura é passada de pai para filho, porém o que existe é um processo de transformação. Por exemplo: quando o cordel chegou vindo da Europa os personagens eram eupopeus e árabes; com o passsar do tempo, foi sendo substituido por personagens da propria região nordeste como Lampião, Padre Cicero, Frei Damião. 





A literatura de cordel veio da Europa, mais precisamente da Península Ibérica (formada por Portugal e Espanha). Vieram para o Brasil tipos de poesia e de prosa. Porém temos conhecimento de outros paises europeus como Alemanha e Holanda que tinham uma produção literária parecida com o cordel. É curioso ainda ressaltar que formas semelhantes ao cordel brasileiro podem ser encontradas na América como, por exemplo, o "corrido" no México, na Argentina, Nicarágua e no Peru e o "contrapuento", semelhante à peleja ou desafio, também encontrado no México. Na Argentina são encontradas "hojas ou pliegos sueltos", que lembram os cordéis, e o "payador", que equivale ao nosso cantador.
A Literatura de Cordel como manifestação da cultura popular tradicional, pode ser chamada de folheto ou romance. Nasceu no nordeste e se espalhou pelo país, pelo processo migratório do sertanejo nordestino.

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Revista RegiãoCult - Edição nº01 - 10 de Junho de 2010